terça-feira, 9 de junho de 2009

o medo expande animais rápidos
que se imobilizam ao primeiro zumbido do silêncio
de cabeças voltadas para o vulto que se recolhe
tragando a noite para dentro

no medo
o silêncio será atraído pelos zumbidos
espirais de insectos
a evolução de gérmen devorará
o resto,
depois dos focinhos arrefecerem

2 comentários:

  1. pedindo desculpa pela invasão, mas não consegui deixar de comentar... como apreciadora da arte da relação interpessoal, o - "medo" - é uma matéria que muito me atrai... pelos efeitos:

    "o medo expande animais rápidos
    que se imobilizam ao primeiro zumbido do silêncio"
    - é o mesmo impulso que os eleva, que depois os retrai. deveras inteligente a analogia, à minha leitura.

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  2. Obrigada, Cláudia.
    Não sei o que é "arte da relação interpessoal" (desculpa a ignorância), mas soa bem.
    O "meu" medo está muito ligado ao prazer animal. Deter o medo racionalizando-o, ou melhor ao sentir medo, deixar o pensamento evoluir rapidamente na sua atmosfera de pânico e transcendê-lo, calculá-lo. Repara que digo “prazer animal” pois se perdemos a realidade, a qual os animais desfrutam com os sentidos (o momento em que existimos, é a realidade e os animais têm muito mais informação desse momento para processar, cheiros, sons etc.), pensar o medo, transcender a inibição do pensamento com o pensar, é transcender, não só o medo mas também o pensamento e nesse processo conquistar o momento (realidade), por isso obter o prazer animal.
    O que me atrai no medo é a oportunidade de me tornar animal.

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